O dólar apresenta queda nesta quarta-feira (7), à medida que investidores pelo mundo deixam de lado os temores de uma recessão nos Estados Unidos e voltam a buscar ativos de maior risco, provocando uma recuperação dos mercados. Às 13h13, o dólar caía 0,91%, cotado a R$ 5,607, estendendo as perdas da véspera.
Já a Bolsa brasileira tinha alta de 0,72%, aos 127.181 pontos, com a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na manhã de terça, ainda no radar. Os mercados globais continuavam o movimento de retomada nesta quarta-feira, após índices acionários e moedas emergentes derreterem na segunda-feira com temores de recessão nos Estados Unidos.
Dados recentes da atividade de serviços norte-americana e falas de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) afastaram a percepção de que a maior economia do mundo estava em processo de desaceleração acentuado, estimulando o retorno a ativos de risco.
Notícias do Japão também davam fôlego ao otimismo. O vice-presidente do banco central japonês, Shinichi Uchida, afirmou que a autoridade monetária não irá elevar os juros enquanto os mercados estiverem instáveis.
A declaração vem uma semana depois que a taxa de referência subiu para 0,25%, o que valorizou o iene em relação ao dólar e, por consequência, adicionou mais pressão ao real pelo desmonte de operações de “carry trade”, quando investidores pegam empréstimos em países de juros baixos e aplicam onde as taxas são mais elevadas.
A sinalização de Uchida impulsionou as Bolsas asiáticas e levou à desvalorização do iene. Em Tóquio, o Nikkei 225 avançou 2,51%, e o dólar subiu 2,02% em relação à moeda japonesa.
“Hoje temos um pouco mais de tranquilidade após a alta volatilidade dos últimos dias”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
“Os mercados ficam mais tranquilos depois de uma declaração do Banco do Japão dizendo que deve manter a política monetária mais frouxa por conta da volatilidade dos mercados.”
Na cena doméstica, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na manhã de terça, seguia no radar dos investidores.
O comitê do BC (Banco Central) reafirmou o compromisso com a convergência da inflação à meta e disse que não hesitará em subir a taxa Selic mais uma vez, caso necessário. A ata, na visão da equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, transmite que o colegiado está atento às perspectivas de inflação e pronto para subir os juros caso o câmbio continue deteriorado.
“Como acreditamos que o real se fortalecerá nas próximas semanas, à medida que os mercados globais se acalmarem, mantemos, por enquanto, a previsão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano”, afirmou a equipe em relatório a clientes. “Se o câmbio não reagir, um ciclo de alta, começando em setembro, será inevitável”.
Com o alívio no câmbio, a expectativa de um aperto monetário por parte do BC diminuiu o que tem reflexo direto nas curvas de juros futuros. Nesta terça, as taxas de DIs (Depósitos Interbancários) apresentavam baixas firmes. O contrato para janeiro de 2025, que reflete a política monetária no curtíssimo prazo, estava em 10,670%, ante 10,698% do ajuste anterior.
Na ponta longa, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,80%, ante 11,872% do ajuste anterior. O alívio nas curvas de juros futuros beneficiava ações sensíveis à economia doméstica no Ibovespa. MRV saltava 6,91% e Magazine Luiza, 6,19%. Pão de Açúcar, que publicou balanço corporativo melhor do que o esperado, também avançava 4,21%.
Vale tinha leve alta de 0,14%, e os papéis preferenciais e ordinários da Petrobras avançavam 0,19% e 0,26%. Na coluna negativa, bancos caíam em bloco. Itaú recuava 1,16%, mesmo após reportar aumento de 15% no lucro líquido recorrente do segundo trimestre, com melhora na rentabilidade. Na véspera, as ações fecharam com alta de mais de 2%.
Bradesco perdia 1,02%, com ajustes, após forte valorização desde o começo da semana na esteira da repercussão positiva ao balanço do segundo trimestre. Banco do Brasil, que divulga seu resultado após o fechamento desta quarta-feira, perdia 0,86%. Santander caía 0,81%.
Na terça-feira (6), a divisa fechou em queda firme de 1,40%, aos R$ 5,658, e a Bolsa brasileira avançou 0,80%, aos 126.266 pontos.
Fonte: O Tempo
Foto: Justin Sullivan/Getty Images North America/AFP