Brasileiros são destaque em mundial de Trap

Com o objetivo de difundir o esporte e incentivar novos atletas, aconteceu entre os dias 02 e 12 de agosto de 2023, o maior evento de Trap Americano do mundo: o Campeonato Mundial de Tiro ao Prato (Grand American – World Trapshooting Championships), em Sparta/Illinois, nos Estados Unidos.



Realizada pela Amateur Trapshooting Association (ATA), a maior entidade mundial de Trap Americano, a 124ª edição contou com a presença de mais de três mil atiradores em dez dias de evento. Na oportunidade, a participação de 85 atletas brasileiros de 12 estados representou o maior número de federações brasileiras na história da competição. O Brasil alcançou reconhecimento internacional e uma quantidade significativa de prêmios, totalizando 36 troféus. E os atletas realizaram uma média de mil tiros cada, em diversas disputas diferentes.

Diante da importância do evento, o presidente da Liga Nacional de Tiro ao Prato, Valdir Abel, classifica a participação da entidade como algo muito significativo e gratificante. “O Mundial, atualmente, é o maior campeonato no mundo. Eu diria que o TRAP é a porta de entrada para todas as modalidades de tiro ao prato. E o trabalho que os atletas vêm desempenhando é muito grande”.

Sobre o trabalho que a instituição está desenvolvendo, ele traduz em amor ao esporte. “Aqui no Brasil, a Liga Nacional faz um trabalho bonito e muito sério. A entidade pode ser considerada carente, mas temos um trabalho fantástico. Tudo é feito por amor, pelos próprios dirigentes e pelos atletas. Então, participar de competições como essa é muita insistência e amor ao esporte. E o resultado de tudo isso é muito gratificante”.

Conquistas

Pela primeira vez na competição, o atleta Nicolas Meirelles Couto, de apenas 16 anos de idade, voltou ao Brasil com grandes triunfos. Ele conquistou quatro troféus em diferentes provas. Pontuou 499 acertos de 500 possíveis (499/500) na competição chamada Winchester Super 500 SGLS, fazendo história junto a atletas com mais experiência no Grand American. “Sobre o resultado que eu conquistei, foi uma completa surpresa. Eu nunca teria imaginado que aconteceria da forma que aconteceu, foi uma grande realização para mim”, comemora.

Questionado em relação à sua estreia, Couto disse que a alegria de competir foi maior do que sua tensão. “Minha família e eu chegamos alguns dias antes do evento, então, quando começou a competição eu já não estava extremamente nervoso e ansioso, só me sentia feliz por estar em um lugar tão incrível”. Sobre sua melhor lembrança, ele destacou que foi após a competição. “Quando participei do ‘Evento dos Estrangeiros’ e pude ver grande parte dos brasileiros assistindo e dando apoio ao time do Brasil. Foi uma sensação única!”, relembra.

Ed Wehking, então presidente da ATA, em seu discurso de despedida, falou sobre a felicidade de ter visto o número significativo de brasileiros participando do evento, sendo para ele uma das grandes conquistas de seu mandato. Ele enalteceu ainda o patriotismo dos atletas brasileiros e afirmou, aos 50 delegados presentes, que os brasileiros são exemplos, citando a maneira vibrante que entoaram o Hino Nacional durante o hasteamento da bandeira.

Na opinião do vice-presidente da Liga Nacional de Tiro ao Prato, Marcelo Mota, a participação já é uma grande conquista para o atleta. “Esse é o evento ápice do tiro esportivo. Os atletas que chegam lá treinaram anos e anos para estar nesse campeonato. Imagina você sair de um país cheio de restrições e dificuldades para treinamentos? É um esforço que a gente faz, não só financeiro, mas quando o atleta ergue uma taça é muito gratificante”, pontua.

Mota reforça que as dificuldades enfrentadas pelo esporte, no Brasil, fazem com que as conquistas sejam ainda mais grandiosas. “A discriminação que a gente tem dentro do Brasil é vergonhosa. Quando a gente vai para fora, é muito mais valorizado”. E, por essa razão, segundo ele, apesar dos desafios para os atletas, do ponto de vista técnico e financeiro, essa edição foi marcante para a delegação. “Um dos dirigentes da organização do campeonato fez questão de vir ao Brasil para ver como a gente treinava, pois, em um campeonato mundial desse porte, com atletas brasileiros com tantas dificuldades conquistando taças e deixando os americanos, bem treinados e com mais condições de vitória, de lado, é surpreendente. E nessa edição nós fizemos muito bonito”, comemora.

Muito emocionado, o vice-presidente se orgulha da força de vontade da diretoria da Liga e de seus atletas. “Mesmo competindo com atletas bem preparados, com melhores condições técnicas e financeiras, a força de vontade é tamanha que a gente supera a falta do treinamento e de investimentos. O nosso desejo de chegar lá e superar qualquer dificuldade é o resultado desse campeonato. Então, é aquele ditado que a gente conhece aqui: o brasileiro não desiste nunca!”.

Estrutura

Atletas filiados à ATA (Amateur Trapshooting Association) dos EUA, Brasil, Nova Zelândia, Austrália, México e Canadá participaram da competição e contaram com uma grande estrutura. O complexo possui 125 pedanas de tiro ao prato – com cinco postos cada e a possibilidade de 625 atiradores realizando a prova ao mesmo tempo.

Além disso, o ponto de apoio contou com local para motorhomes, armeiros, acessórios e alimentação. Em resumo, uma estrutura que impressionou as federações e atletas brasileiros, principalmente, diante das diferenças no acesso ao esporte e na facilidade na aquisição de insumos e munições. 

“Ao chegar ao complexo eu fiquei impressionado, pois nunca tinha visitado um lugar como esse antes. É um lugar gigante e para quem gosta de Trap é o melhor lugar do mundo possível para visitar”, lembra o atirador Nicolas Meirelles.

Para competir, é necessário ser filiado à ATA, ter scores validados durante o ano, atingindo a soma de 1000 disparos para cada modalidade que vai competir. Ou seja, o atirador, no seu clube ou país, realiza as provas e pode validar esses resultados para a ATA. Caso não tenha esses mil tiros computados, o atleta chegará à competição e pagará uma “multa”, tendo que realizar provas numa categoria acima da qual ele está competindo originalmente. 

Liga Nacional de Tiro ao Prato 

O conceito de liga nacional vem sendo fortemente adotado em diversos países do mundo, reunindo clubes e desportistas praticantes de diversos esportes e modalidades, em torno de um objetivo comum: promover, organizar e ofertar competições para clubes esportivos e atletas amadores e profissionais.

Em 2011, a Liga Nacional de Tiro ao Prato do Brasil começou a ser organizada por meio da iniciativa de sete clubes de tiro ao prato. Atualmente, a sede funciona em Guarapuava, no Paraná, com base estendida a 15 estados brasileiros através de delegados estaduais e delegados locais nos clubes filiados. E possui atiradores filiados a mais de 75 clubes de tiro ao prato nesses estados.

Um dos principais objetivos da Liga Nacional é fomentar o surgimento e desenvolvimento de novos talentos olímpicos, uma vez que foi o tiro esportivo que trouxe a primeira medalha olímpica para o Brasil, com Guilherme Paraense, na Antuérpia em 1920. A Liga Nacional trabalha sempre em parceria com as federações estaduais de tiro esportivo e apoia todas as iniciativas que visam melhorias nas condições técnicas e estruturais do esporte.

Especificamente na modalidade de tiro ao prato, a Liga oferece uma competição nacional que democratiza o acesso de atiradores esportivos de todos os estados da federação. As provas acontecem simultaneamente em diversas cidades e estados brasileiros, consolidando os resultados em um sistema de provas on-line. Esse sistema foi originalmente desenvolvido na Itália e vem sendo aplicado no Brasil desde 2008, sendo ideal para fomentar o esporte em países cuja extensão territorial é muito ampla. Isso possibilita a redução de gastos com deslocamentos e estadias.

Vale ressaltar que estão contempladas no calendário da Liga Nacional algumas provas presenciais obrigatórias, para que os competidores possam conhecer uns aos outros e travar o confronto direto.

Com informações do https://www.tirobrasil.com.br/